A família, como vai?

Na semana que segue “O Dia dos Pais”, a Igreja realiza a “Semana Nacional da Família”, que neste ano, tem como tema: “A família, como vai?” Retoma a pergunta da Campanha da Fraternidade de 1994. A Exortação Apostólica “Amoris Laetitia: sobre o amor na família” do Papa Francisco, de 19 de março de 2016, fruto de escuta de pessoas do mundo inteiro, revela a visão católica sobre a família, na qual se inspira a presente reflexão.

Todo tempo e esforço dedicado para tratar da família, que tem suas luzes e sombras, é pouco. Um assunto que envolve uma complexidade de situações tem necessidade de ser aprofundado, com liberdade, envolvendo diferentes ciências e perspectivas. O “tempo é superior ao espaço” (nº 3), isto é, nenhuma abordagem consegue responder plenamente a todas as situações familiares. A seguir, o papa, se propõe oferecer na Amoris Laetitia “considerações que possam orientar a reflexão, o diálogo ou a práxis pastoral, e simultaneamente ofereça coragem, estímulo e ajuda às famílias na doação e nas suas dificuldades (nº 4)”.

É extremamente fácil fazer lamentações elencando os problemas e desafios das famílias. Ver e se conscientizar dos problemas é necessário, mas não é o suficiente, pois é preciso “sentir-se chamado a cuidar com amor da vida das famílias, porque elas não são um problema, são sobretudo uma oportunidade” (nº 7). Cuidar é trabalhoso, mas é a única maneira de construir, de sarar feridas e aproximar vidas.

A alegria do amor que se vive nas famílias é também o júbilo da Igreja” (nº 1). O grande apreço da Igreja pela instituição natural da família e pela necessidade de ser cuidada, a partir da fé em Jesus Cristo, os esposos cristãos recebem o Sacramento do Matrimônio, como sinal sacramental, isto é o amor que Cristo tem pela Igreja. Daí nasce a definição de matrimônio como comunidade de vida e amor conjugal, em primeiro lugar para o bem dos próprios esposos. O amor entre marido e mulher implica a mútua doação de si mesmo, incluindo e integrando todas as dimensões do ser humano. O casal como comunidade de amor está aberto para a geração de filhos, com consciência e paternidade responsável. “O exercício da paternidade responsável implica, portanto, que os cônjuges reconheçam plenamente os próprios deveres para com Deus, para consigo mesmos, para com a família e para com a sociedade, em uma justa hierarquia de valores” (nº 68).

Formar uma família é assumir uma missão e, para tal, deve ser fruto de um discernimento. Discernir é a capacidade de dividir em profundidade, de penetrar no interior, de simpatizar, de avaliar, colocar à prova, distinguir, julgar. Um bom discernimento é feito quando a pessoa se confia a um guia, para não seguir somente a vontade própria e confiar-se na intuição individual. O casal cristão faz seu discernimento com uma explícita referência à vontade de Deus, perguntando qual a Sua vontade sobre o casal aqui, agora e nestas circunstâncias. A complexidade do cotidiano da vida familiar para fazer as escolhas, operar bem, requer discernimento para ser uma opção livre e responsável.

Família é o santuário da vida, o lugar onde a vida é gerada e cuidada” (nº 83). A Igreja é convidada a desenvolver uma Pastoral Familiar para anunciar o Evangelho da família, propor o valor e a riqueza do matrimônio, em particular aos jovens e noivos, dispor-se para acompanhar os casais, especialmente nos primeiros anos de vida matrimonial. Também fazer-se presente, aproximar-se para iluminar as crises, angústias e dificuldades.

Deus abençoe os pais e através deles todas as famílias.

Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo

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