Nos perdemos pelas coisas insignificantes

As coisas mais insignificantes têm às vezes maior importância e é geralmente por elas que a gente se perde… (Dostoiévski)

Esta afirmação pertence ao grande escritor russo Fiódor Dostoiévski em uma de suas mais belas obras chamada “Crime e Castigo”. São palavras do protagonista do livro, um jovem estudante de nome Raskólnikov que comete um homicídio e encontra a redenção pelo crime cometido através de sua amizade com uma prostituta, que lhe apresenta no Evangelho, a narrativa da Ressurreição de Lázaro.

Esta frase, o estudante a disse no momento em que repensava e ensaiava cada passo que daria para cometer o crime. Ele pensou exaustivamente cada pormenor e não queria deixar nenhum detalhe de fora, pois para ele:

As coisas mais insignificantes têm às vezes maior importância e é geralmente por elas que a gente se perde…

Quando li “Crime e Castigo” essa frase me chamou muita atenção, e ao trazê-la para diversas circunstâncias da vida, ela faz muito sentido e pode ajudar-nos a refletir e a vivermos melhor.

Quando pensamos nos grandes problemas e dificuldades que enfrentamos, logo tentamos buscar a causa dessas situações. Buscamos na memória o que fizemos para que tal mal acontecesse.

Nessa hora, geralmente, nos esquecemos de que as situações difíceis na nossa vida quase sempre são frutos das pequenas circunstâncias. Por exemplo:

Um casal não se separa por causa de uma briga, mas por problemas não resolvidos no dia-a-dia que vão se acumulando e se tornando grandes; um jovem não se vicia do dia para a noite, mas começa com um “baseado” hoje e vai aumentando a dose e usando drogas mais fortes gradativamente; uma pessoa não se torna cheia de dívidas de repente, ela faz empréstimos para dívidas pequenas e antes de quitá-las continua comprando e comprando…

Essa é uma lei bíblica e da natureza: o que plantamos hoje, colhemos amanhã. E não nos esqueçamos que toda semente é pequenina, mas a árvore pode alcançar grandes proporções.

Jesus nos ensinou como cuidarmos para que não nos percamos pelas coisas que hoje são insignificantes, e que se tornarão grandes no futuro próximo:

Não vos preocupeis, portanto, com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã se preocupará consigo mesmo. A cada dia basta seu cuidado. (Mt 6,34)

Essa é uma regra de ouro para quem quer ter qualidade de vida e, além disso, colher boas coisas no futuro: viver um dia de cada vez e, ao fazer isso, viver intensamente o dia, cuidando das pequenas coisas cotidianas para que por elas não nos percamos, mas sim, alcancemos boas e grandes conseqüências.

Traduzindo na prática as palavras de Jesus: que os casais passem mais tempo um com o outro, que os pais se dediquem mais aos seus filhos, que os jovens pensem melhor nas suas pequenas escolhas, que o profissional execute bem o seu trabalho diário… Para que nas tarefas e funções de cada dia, redescubramos o valor do que somos e temos, em especial das nossas relações humanas e, dessa maneira, possamos inverter a afirmação do Dostoiévsky a nosso favor, pois assim:

As coisas mais insignificantes têm às vezes maior importância e é geralmente por elas que a gente se SALVA…

Que Deus nos abençoe!

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