Pescadores de almas

Aventura sublime: de pescadores de peixes a pescadores de almas! Os primeiros discípulos de Jesus que admirados haviam presenciado a pesca milagrosa, mais espantados ficaram quando Jesus disse a Pedro: “Não tenhas medo, doravante serás pescador de homens”. Conclui o Evangelista Lucas que depois de conduzirem os barcos para a terra, deixaram tudo para seguirem a Cristo (Lc 5,1-21).

Foi um ato corajoso movido pela fé, pois eles mal conheciam o Mestre divino e sabiam, apenas que Ele era um novo pregador na Galiléia, com palavra repleta de autoridade, que fizera algumas curas em Cafarnaum. Diante, porém, do fato maravilhoso de uma pesca, para eles inteiramente improvável, sobretudo pela hora do dia e num momento inteiramente fora de propósito, ocorreu para aqueles rudes pescadores a lógica de uma profunda confiança.

Eles haviam obedecido a uma ordem estranha para quem era acostumado àquela tarefa e que não havia nada conseguido durante toda a noite, mas propícia para uma pescaria: “Lançai as redes”. Uma ordem que transformou suas vidas e tocou seus corações. Novas perspectivas surgem para Simão e os filhos de Zebedeu, Tiago e João, cuja existência recebe então um sentido, um rumo profundamente transformador. Algo maravilhoso se passou então na mente dos primeiros apóstolos que nem de longe poderiam vislumbrar o que lhes aconteceria no futuro numa mudança radical de vida.

Através dos tempos milhares abandonariam tudo para, imitando estes corajosos pescadores, se lançarem a um apostolado vibrante aderidos aos sucessores dos apóstolos e na vivência eficiente do batismo que torna o cristão partícipe do múnus profético e régio do divino Redentor. A Igreja sempre precisaria de pescadores de almas, como aconteceria depois com São Paulo e centenas de outros conscientes da urgência de anunciar por toda parte a Boa Nova da salvação de Deus. Jesus está sempre à procura de sacerdotes e colaboradores leigos para as mais diversas pastorais e quer generosidade, desprendimento, coragem, disposição para que o Reino de Deus se torne sempre uma venturosa realidade.

Cumpre, assim, alimentar a vocação para o apostolado através da Palavra revelada a qual dá uma nova dinâmica para a proclamação da fé. Isto consiste em deixar o Espírito Santo falar através de uma existência integralmente impregnada pelo Evangelho. Ninguém sabe a hora em que Jesus quer agir através de cada um de seus discípulos e é preciso a disponibilidade dos primeiros apóstolos para cooperar na conversão dos irmãos. É importantíssima esta revisão de vida, pois conduz a um discurso edificante em mensagens oportunas, atos e preces pela obra da evangelização.

Inúmeros são aqueles que querem dar um sentido a suas vidas e a mudarem profundamente, se tornando católicos praticantes e convictos. Jesus, realmente, conta com a boa vontade de todos que O amam e querem fazê-lo conhecido e mais amado. Tornar-se pescadores de almas, seguindo a Cristo, é sempre uma postura necessária e que chama à responsabilidade todo batizado.

Cumpre não hesitar e cada um, de acordo com seus dotes e carismas pessoais, pode e deve colaborar generosamente no projeto missionário da Igreja no meio em que vive, a saber, no lar, no trabalho, na escola, nos lugares de diversão. Jesus chama a cada batizado para esta tarefa sublime e este apelo é fecundo, pois cria a capacidade de responder, corresponder e segui-lo sem desfalecimentos. Este seguimento é um dom não menor que o próprio chamado divino. Faz despertar um apostolado que ilumina não só a própria vida, mas a existência de todos que estão à volta do verdadeiro cristão. É que este convite de Cristo não pressupõe uma predisposição à correspondência ao mesmo, mas oferece, isto sim, a possibilidade de ser apóstolo.

Trata-se de um “sim”, de uma adesão que devem ser como um eco impossível de ser contido, pois Jesus mesmo disse que veio para que todos tivessem a vida e a tivessem em abundância e Ele espera a cooperação de seus epígonos para que todos que realmente O conheçam e amem.

Para isto é preciso estar sempre com Jesus para poder exercer um papel ativo pela sua causa. Há, de fato, uma diferença entre estar com Cristo e lutar por Cristo. É inútil, com efeito, proclamar as maravilhas do Filho de Deus se Ele fica à distância. Tanto isto é verdade, que os discípulos que assistiram a maravilhosa pesca não poderiam apenas proclamar por toda parte o que haviam presenciado, mas se puseram imediatamente a seguir Jesus. Inúmeros são aqueles que muito falam, mas pouco agem, exatamente porque não vivem profundamente unidos ao Mestre divino e não podem repetir com São Paulo: “Já não sou eu quem vive, é Cristo quem vive em mim” (Gl 2.19-20). Apenas deste modo pode o cristão ser um verdadeiro pescador de almas.

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