A Reforma Protestante

Introdução

O objetivo de trabalhar este tema está relacionado ao fato de que ainda hoje no século XXI, muito católicos ainda não conhecem o que foi a reforma protestante e a contra-reforma católica e ainda, que muitos criticam a Igreja Católica por fatos antigos, da idade média, sem estudarem a fundo os acontecimentos da época. Não se quer aqui justificar os erros da Nossa Igreja naquela época, mas sim, dar uma visão crítica sobre atitudes, principalmente as de Martinho Lutero, que poderiam ter sido diferentes e que não levariam ao grande cisma1: a Reforma Protestante. Como exemplo, citaremos Santa Tereza D’Avila que percebendo a mesma necessidade de mudanças dentro da Igreja, principalmente na sua ordem, a dos carmelitas, em vez de romper com a Igreja esperou o momento certo para promover as reformas necessárias.

Esta nossa reflexão será divida em quatro partes. Na primeira trataremos sobre a reforma protestante, a segunda sobre a contra-reforma da Igreja Católica, a terceira será uma visão crítica da Reforma e na quarta e última falaremos sobre Santa Tereza D’Avila que tanto tem a nos ensinar sobre saber esperar o momento certo de agir, e, o principal, saber fazer a vontade de Deus.

A Reforma

A Reforma foi o movimento iniciado pelo então frade Agostiniano Martinho Lutero, no início do século XVI, mais precisamente em 1517, quando afixou as suas 95 teses teológicas à porta da Igreja de Todos os Santos, em Wittemberg (Alemanha), atacando muitas verdades da Igreja Católica (Battistini, 2001). Naquela época, uma série de questões, algumas propriamente religiosas, colocavam a Igreja Católica como alvo da crítica da sociedade como um todo. As insatisfações acumularam-se de tal maneira que desencadearam um movimento de ruptura na unidade cristã.

A Reforma protestante, embora tenha sido resultado de anos de questionamento, surgiu na história de forma repentina. Esses questionamentos surgiram de uma questão pessoal e religiosa de Martinho Lutero. Infelizmente a obra de Lutero não se tornou aquilo que o povo e os príncipes cristãos esperavam: a renovação da Igreja pela eliminação dos abusos, sem alteração da fé e da constituição da Igreja, vindo a ser uma revolução eclesiástica e um cisma1. Alias, o próprio Lutero verificou isso, em seu próprio tempo: “Há tantos credos quantas cabeças há” (MOURA, 2005).

A Reforma foi motivada por um complexo de causas, onde algumas, ultrapassaram os limites da mera contestação religiosa. As principais questões foram: (1) a corrupção do alto clero com a venda de objetos sagrados, relíquias e indulgências; (2) a ignorância religiosa dos padres comuns (sem instrução); (3) novas interpretações da Bíblia, visto que com a difusão da imprensa aumentou o número de exemplares da bíblia disponíveis aos estudiosos que começaram a interpretá-la de forma errônea e sem critérios; (3) a nova ética religiosa, onde os comerciantes defensores do lucro livre (comerciantes burgueses) queriam se libertar da moral católica que defendia o preço justo e condenava o lucro excessivo (usura) e (4) o sentimento nacionalista, onde os reis das principais monarquias da época queriam afirmar as diferenças entre cada estado, com sua cultura e principalmente sua língua, se desprendendo assim, da idéia da universalidade da Igreja Católica que utilizava o latim como língua universal e da interferência da Igreja no em seus governos.

As principais idéias de Lutero no início da Reforma eram:

  • As boas obras da Igreja, jejuns,os sacramentos de nada valiam para a salvação das pessoas, onde, somente a fé basta para o crente ser salvo. Essa idéia ficou conhecida como a justificação pela fé, em oposição à salvação pelas obras.
  • A bíblia é a única fonte de fé e deve a qualquer pessoa fazer o seu livre exame (leitura e interpretação). A bíblia, para o protestante, tudo contém e o Espírito Santo é quem dá ao crente a livre interpretação e cada um tem o livre direito de deduzir da palavra sua própria verdade.
  • Negação de intermediários entre Deus e o Crente, onde não há necessidade de sacerdotes para essa intermediação, assim, toda pessoa é um sacerdote; não há santos que oram por nós e não há canais de transmissão da graça como os sacramentos.


Conclusão

A reforma negava e rejeitava todo o Magistério da Igreja munido de autoridade pelo próprio Jesus (Cf. Mateus 16, 17-18 e João 20, 21-23), a pessoa do Papa como chefe da Igreja na terra, os sacramentos, a tradição oral e os dogmas da Igreja Católica.

O Resultado disso foi à separação, a divisão que vai contra a vontade de Jesus: “haverá um só rebanho e um só pastor” (João 10,16b). Assim, essa, característica da divisão acompanha os protestantes até os dias de hoje, onde já existem mais 33.800 denominações diferentes em todo o mundo e somente no Brasil existem mais de 3.500 (Moura, 2005).

Portanto, fundar uma Igreja separando-a da verdadeira Igreja de Cristo – a Igreja Católica – é colocar-se frontalmente contra a vontade de Jesus.

1cisma segundo o dicionário Aurélio: Separação do corpo e da comunhão de uma religião, ou Dissidência de opiniões.

Fontes:

Frei Battistini. A Igreja do Deus Vivo: curso bíblico popular sobre a verdadeira Igreja. Petrópolis-RJ: Editora Vozes, 2001.

Moura, Jaime Francisco de. As diferenças entre a Igreja Católica e Igrejas evangélicas. São José dos Campos-SP: Editora ComDeus, 2005.

13 comentários

  1. Boa noite. Respeito sua opiniãõ, porem nao concordo.A reforma nao aconteceu por questões pessoais de Lutero.A reforma aconteceu porque a igreja catolica se desviou dos propósitos do unico e verdadero Evangelho. Se ela continuasse a pregar o evangelho autentico e sem acrescimos, nao seria necessario acontecer a reforma.Boa noite.

  2. Ola ,a reforma tanto se desviou que hoje qualquer um monta sua igreja e interpreta como quiser a biblia,sendo que retirou o que não interessava a eles.Quem se adentra a história torna-se católico apostólico romano

  3. PRESIDENTE DA SOCIEDADE TEOLÓGICA EVANGÉLICA RETORNA À IGREJA CATÓLICA
    WASHINGTON DC, 08 Mai. 07 (ACI).- Francis Beckwith renunciou esta semana a seu cargo de Presidente da Sociedade Teológica Evangélica (ETS). O motivo: retornou à Igreja a Católica onde cresceu e que abandonou para abraçar o protestantismo. Beckwith relata que começou sua volta à fé em que cresceu, quando decidiu ler alguns bispos e teólogos dos primeiros séculos da Igreja. “Em janeiro, por sugestão de um amigo querido, comecei a ler os Padres da Igreja assim como alguns trabalhos mais sofisticados sobre a justificação em autores católicos. Comecei a convencer-me que a Igreja primitiva é mais católica que protestante e que a visão católica da justificação, corretamente compreendida, é bíblica e historicamente defensável”. Por isso, em 28 de abril passado recebi o sacramento da Confissão

  4. Creio que a verdadeira Igreja é a que Jesus deixou nas mãos dos discipulos. Ao longo doas seculos esta Igreja se corrompeu e sabemos que isso aconteceu quando Constatntino, o primeiro imperador dito «cristão» criou uma igreja oficial. Ora Constantino que mandou matar o seu filho Crispus. Sufocou a sua mulher Fausta num banho sobreaquecido. Mandou estrangular o marido da sua irmã, e chicotear até à morte o filho de sua irmã. Ai começou o envolvimento da igreja com a politica secular, o que a corrompeu. Lutero conseguiu duas reformas, uma de cunho nacionalista, contra uma igreja papal que se julgava dona do mundo, literalmente proprietárias de terras e de pessoas. Outra foi a reforma espiritual, libertando o ser humano criado por Deus para amá-Lo em espírito e em verdade, sem interferência de doutos humanos. Infelismente a Reforma protestante também se corrompeu à semelhança da primitiva igreja católica romana. Vejo que hoje a reforma deu certo em dois aspectos: a atual Igreja Católica está reformada e mais espiritual, talvez o que Lutero queria. Como também existem Igrejas Cristãs reformadas fiéis à Palavra de Deus. Excluem-se os pseudo-evangelicos que comercializam a fé na TV, esses são demonizados.

  5. Boa Noite sobre a afirmação, de que Lutero defendia inicialmente as questões apresentas acima: se diverge no fato de que as 95 teses o próprio Lutero questiona a questão das indugências em relação a oração pelos mortos no purgatório, além da intercessão dos santos (A qual por baste tempo ele acreditou). Menciona também sobre a Basílica de São Pedro e faz referência a antigos papas e citações de santos para defender suas teses. As teses estão diretamentes ligadas as questões das indugências que elas geram em relação a outras práticas cristães e católicas.

    A sua defesa sobre a salvação ser pela fé veio tempos depois de estudar o livro de Romanos. Onde compreendeu que o justo viverá pela fé ( ps. se as igrejas evangélicas acreditassem apenas na fé independente das atitudes não teria jejuns, trabalhos sociais, evangelismos grupos de orações, pregação de vidas santificadas, ceia e etc.).

    Por várias vezes Lutero foi a aldiências para justificar suas teses, não indo para contradiser a igreja, mas ter respondida seus questionamentos.

    O seus deligamento houve quando foi ex-comungado pelo Papa por não rejeitar suas afirmações depois disso ele se isolou e fez a tradução da bíblia do latim para sua lingua. Ato na época condenado pela igreja católica, depois adquirido e passando a fazer traduções. Inclusive a 1° biblía em português foi tradizida pelo um padre.

    Lutero influênciou e mudou a maneira de ver a fé cristã, tanto por evangélicos, católicos, anglicanos, ortodoxos e etc.

    Sugiro que leiam a 95 teses de Lutero, além de seus estudos, cada um conheça a sua história e saberem se ele fez bem ou mal a igreja cristã.
    Abç

  6. Bom,gostei muito da forma que você descreveu,mas não me ajudou muito com o meu trabalho mas me ajudou a entender mais do que o que precisava,Obrigada!

  7. Acredito que na época em que ocorreu o cisma, a Igreja realmente necessitava de mudanças, tanto necessitava que mudou, contudo não deveria ter chegado ao cume de uma separação, pois Deus quer a Igeja unida, e não dividida como está. A divisão protestante, ao longo dos anos, ficou tão sem fundamentos que a própria doutrina protestante se subdividiu em uma infinidade de seitas. Creio que hoje, a partir do belo trabalho da Renovação Carismática Católica, a Igreja de Jesus está se encaminhando para um direcionamento espiritual jamais alcançado anteriormente.

    1. Isso mesmo meu companheiro, gostei do seu intendimento!!

      Os protestantes, São pessoas que se dividem nos entendimentos, cada qual com seus conhecimentos sem amor e ambos acreditam somente na fé….

  8. Em primeiro lugar, crer que é possível em meia dúzia de linhas descrever os ideais reformista de Lutero é ultópico, em segundo lugar, precisamos antes de dar “graças” ouvir as duas vertentes os dois lados da moeda, para assim ajuizarmos conclusão.
    Analisemos os descritivos acima:

    1) As boas obras da Igreja, jejuns,os sacramentos de nada valiam para a salvação das pessoas, onde, somente a fé basta para o crente ser salvo. Essa idéia ficou conhecida como a justificação pela fé, em oposição à salvação pelas obras.
    REFUTAÇÃO – Onde nas escrituras sagradas podemos justificar a salvação pelas obras? vejamos alguns textos que demonstram de maneira clara e objetiva e incontestável a JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ:

    “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.
    Não vem das obras, para que ninguém se glorie” Efésios 2:8,9

    “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.” Atos 4:12

    “Rm 3:28-30, “Concluímos pois que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei. É porventura Deus somente dos judeus? Não é também dos gentios? Também dos gentios, certamente, se é que Deus é um só, que pela fé há de justificar a circuncisão, e também por meio da fé a incircuncisão.”

    Rm 4:5, “Porém ao que não trabalha, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é contada como justiça;”
    Rm 5:1, “Justificados, pois, pela fé, tenhamos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo,”

    Rm 9:30, “Que diremos pois? Que os gentios, que não buscavam a justiça, alcançaram a justiça, mas a justiça que vem da fé.”

    Rm 10:4, “Pois Cristo é o fim da lei para justificar a todo aquele que crê.”

    Rm 11:6, “Mas se é pela graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça.”

    Gl 2:16, “Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, mas sim, pela fé em Cristo Jesus, temos também crido em Cristo Jesus para sermos justificados pela fé em Cristo, e não por obras da lei; pois por obras da lei nenhuma carne será justificada.”

    Gl 2:21, “Não faço nula a graça de Deus; porque, se a justiça vem mediante a lei, logo Cristo morreu em vão.”

    Gl 3:5-6, “Aquele pois que vos dá o Espírito, e que opera milagres entre vós, acaso o faz pelas obras da lei, ou pelo ouvir com fé? Assim como Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça.”

    Gl 3:24, “De modo que a lei se tornou nosso aio, para nos conduzir a Cristo, a fim de que pela fé fôssemos justificados.”

    2)A bíblia é a única fonte de fé e deve a qualquer pessoa fazer o seu livre exame (leitura e interpretação). A bíblia, para o protestante, tudo contém e o Espírito Santo é quem dá ao crente a livre interpretação e cada um tem o livre direito de deduzir da palavra sua própria verdade. REFUTAÇÃO:

    E realmente é! O homem em seus dogmas já demonstraram sua falibilidade, a Bíblia é inerrante, infalível e suficiente em questões éticas, morais e de fé. Vejamos:

    “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra.” 2 Timóteo 3:16-17

    “Assim, temos ainda mais firme a palavra dos profetas, e vocês farão bem se a ela prestarem atenção, como a uma candeia que brilha em lugar escuro, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça no coração de vocês. Antes de mais nada, saibam que nenhuma profecia da Escritura provém de interpretação pessoal, pois jamais a profecia teve origem na vontade humana, mas homens falaram da parte de Deus, impelidos pelo Espírito Santo.”
    2 Pedro 1:19-21

    Não se pode realmente interpretar a bíblia ao seu bel prazer, contudo, a exegese, a hermenêutica, os contextos sociais, culturais, antropologicos, historicos, etc. são fundamentais para tal interpretação.

    3) Negação de intermediários entre Deus e o Crente, onde não há necessidade de sacerdotes para essa intermediação, assim, toda pessoa é um sacerdote; não há santos que oram por nós e não há canais de transmissão da graça como os sacramentos. REFUTAÇÃO:

    Onde se fundamenta tal doutrina? Não há evidências bíblicas que confirmem tal afirmação romana, vejamos mais uma vez o que a bíblia diz sobre o assunto:

    1 Pedro 2.5: “Também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo”

    1 Pedro 2.9: “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”

    Apocalipse 1. 5 e 6: “Àquele que nos ama, e pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados, e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai…”

    Apocalipse 5. 9 e 10 “Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação, e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes”

    A conclusão é no mínimo um equívoco hermenêutico e exegético, sem base, contexto e sem levar em consideração o texto grego. Peço aos amigos católicos que antes de aceitarem qualquer coisa seja de um outro católico seja de um “protestante” ouça todas as versões, confirmem tudo e tirem suas conclusões.
    Me coloco a disposição para continuar a exposição aqui começada, visto que tenho muito ainda a falar, lembrando que não se trata de uma guerra, mas sim de uma tentativa em se conhecer ambos os lados e principalmente não se cansar de buscar a verdade.

    valmirocha@yahoo.com.br
    (21) 98171-3534

    Estou 100% a disposição.

  9. Gosto muito de ler, principalmente sobre assuntos que mudaram a História do mundo. Após ler muito sobre a história dos Papas e sobre a Idade média, fui perdendo aos poucos, a fé em Deus que ainda me restava, até que me tornei um descrente total, inclusive da existência de ETs, BIG-BEN, TEORIA DA EVOLUÇÃO, etc. Depois de uma provação pela qual passei, já depois de velho, comecei a ler a Bíblia e acabei me convertendo ao Protestantismo. Hoje, após dois anos mais ou menos, estou me esforçando para ser um verdadeiro crente. Algumas vezes assistia missa na Igreja Católica, mas não era induzido pelos padres a ler as Sagradas Escritura, aliás poucos católicos possuem uma Bíblia e poucos a estudam, preferem seguir as Bulas papais e outras recomendações fora da Bíblia. Você pode ser um crente católico lendo e seguindo os ensinamentos bíblicos.
    Atualmente, estou pesquisando sobre a Reforma Protestante de Martinho Lutero. Assisti no Youtube a pregação do Pr. Paulo Junior sobre o Tema, confesso que fiquei impressionado com sua explanação. Segundo ele, as 95 teses, se resumem em 5. Ele critica muito a Igreja moderna, seja Católica ou Protestante e diz que o mundo precisa de uma Nova Reforma e quem sabe, voltar a ser uma só Igreja. Estou pesquisando também a versão da Igreja católica sobre a reforma de Martinho Lutero, mas infelismente, as que encontro são muito resumidas.

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