Não olhar para trás

O alerta de Cristo deve ser sempre refletido: “Quem põe a mão no arado e olha para trás não está apto para o reino de Deus” ( Lc 9,62). A comparação de Jesus é tirada de um agricultor que está prestes a iniciar seu trabalho de arar a terra, mas se põe a olhar para trás. Uma curiosa maneira de iniciar o serviço. Passa nitidamente a impressão de que não está concentrado no que vai fazer.

Esta proposição do Mestre divino mostra claramente que é possível para um cristão ser impróprio para o reino de Deus, mesmo que já tenha colocado a mão no arado. Segundo o contexto desta passagem, Cristo pronunciou estas palavras em reação a alguém que Ele convidou a segui-lo e tinha até boas intenções, mas primeiro queria se despedir dos seus familiares. Portanto, há duas condições para se estar capaz para o serviço do Reino de Deus: colocar a mão no arado e não olhar para trás.

O discípulo de Cristo é um trabalhador, tem uma tarefa a cumprir: trabalhar a terra e a cultivar, ou seja, prepará-la para dar frutos. O batizado participa do múnus sacerdotal, régio e profético de Jesus e deve exercer esta ocupação no mundo, preparando o terreno dos corações para neles cultivar a mensagem do Evangelho. A preparação é a união com Deus, louvando-O, glorificando-O como participantes do sacerdócio de Cristo, depois dilatando o Reino com palavras e ações, denunciando com coragem tudo que atropela os ensinamentos do Mestre divino. Colocar a mão no arado significa, assim, se colocar ao serviço dos interesses divinos. Lá onde se encontra, o cristão é um mensageiro das verdades reveladas jamais se acomodando numa vida frívola e sem rumo.

Cumpre uma vida dinâmica com todas as atividades centradas em Deus. É preciso seguir as diretivas de Cristo como se acham no Evangelho. Colocar a mão no arado comporta todas as obrigações de quem recebeu o batismo e se tornou seguidor de Cristo. Para isto é preciso competência. Ninguém pode utilizar os instrumentos agrícolas sem estar preparado para tal. Deste modo o cristão deve estar instruído para cooperar na difusão das verdades reveladas por Deus.

Para isto é preciso estudar, refletir acerca de tudo o que se acha na Bíblia e o praticar para dar testemunho onde quer que se esteja, mas confiando unicamente na graça do Ser Supremo. Lemos em São Paulo: “Eu plantei, Apolo regou, mas Deus é quem fez crescer” (1Cor 3,6). Quem dirige um arado se sacrifica. Isto, na metáfora usada por Jesus, denota que é mister para seu discípulo tomar a cruz de cada dia, pois somente assim estará contribuindo para a dilatação do bem.

É o sacrifício de cada um a serviço do Reino. O arado, além disto, revolve a terra para que nela seja lançada a boa semente. Quando alguém vive o Evangelho vai lançando sulcos que se tornam aptos para que a semente divina neles seja lançada. Vivendo à imagem de Jesus, influenciando a vida de todos que estão à sua volta, cada um faz com que a comunidade seja muito mais luminosa. Com um apostolado esclarecido o batizado revoluciona esta terra.

No momento de deixar esta vida cada um deve poder dizer: “O mundo ficou melhor eu por ele passei”. Para isto, mister se faz um total engajamento em Deus, pois não se pode ser apenas chamado de cristão, mas reconhecido como tal de tal forma que a fé individual resplandeça. Então, quem trabalha no serviço do Reino percebe que este não é resultado de persuasão por palavras sem obras, mas resulta de sua magnitude que esplende na existência de cada batizado. Obtida a justificação, cumpre uma conduta apropriada.

Comportamento do homem novo renascido com Cristo, inteiramente consagrado a Deus. Este não olhará nunca para trás e não se renderá jamais às aliciações mundanas, mas estará decido sempre a contribuir para a obra Da evangelização. Então, a colheita será deslumbrante porque houve operários dedicados à seara do Senhor.

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