Silenciar para ouvir a Deus

Então Jesus movido pelo Espírito, retirou-se ao deserto para ser posto à prova pelo diabo”. (Mc 4,1).

Não é somente na Quaresma que devemos entrar “em deserto”. Vivemos em um tempo por demais barulhento, a poluição sonora bagunça os sentidos. Em casa é comum uma confusão de sons que quase não se distinguem: tv, rádio, cd, computador, telefone, falas… Às vezes, dirigindo pelas rodovias temos a impressão de estarmos em um dicionário. E o que não dizer do nosso interior, quantos sons? quantas falas? quantas vozes? E ainda nos lançamos mais ao mundo externo do que para o nosso sagrado interior. O melhor antídoto para o barulho é, sem dúvida, o retirar-se para silenciar. Não é à toa que foi o Espírito Santo que conduziu Jesus ao deserto. Deserto é uma morada do silêncio, e silêncio é uma das moradas da santidade. Os monges até diziam: “Quem fala mais, peca mais”. Se a lareira estiver acesa precisamos proteger a chama dos ventos que a ameaçam. Uma boca calada mantém a chama do fervor, do amor e da fé resguardada. Andamos perdidos, confusos, fora de sintonia. É na parada, no silêncio que podemos nos sintonizar. Primeiro sintonizar a nós mesmos, ouvindo nosso interior, nos entendendo, respondendo aos íntimos anseios da alma. Seguindo com Deus, ouví-lo, amá-lo, desejar responder ao Seus anseios. E Terceiro com o mundo, encontrando o nosso lugar, estabelecendo uma pertença de um todo, pois não somos soltos, mas pertencemos a algo e alguém. O silêncio permite a oração do coração, e nada é mais sincero que seu coração. Pode ainda não ser puro, é verdade, mas é tão sincero que “conhecereis a verdade e ela
vos libertará”.

Permitamos que o Espírito nos conduza, mesmo que para o deserto.

“Ei, psiu…. Pare! Conte até 10, experimente a dádiva do silêncio

Um comentário

  1. Louvado seja Deus, hoje principalmente necessitamos nos calar para podermos ouvir a voz do nosso Amado, que tem sussurrado a nossa alma, com gemidos inefáveis, que mtas vezes passam desapercebidos por tantos barullhos externos.
    Parabéns Luiz por ousar falar em silêncio em um mundo submergido no barulho! Que Abençôe seu ministério.

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