Um autêntico peregrino da fé

Dom Homero Leite Meira

Certa vez numa festa da Padroeira surgiu um imprevisto na agenda de Dom Luciano para presidir a celebração. A quem recorrer? Foi quando conheci Dom Homero Leite Meira. Tinha se tornado emérito há pouco tempo. Sua resposta foi espontânea e repleta de bom humor: “eu gosto de ser a quinta roda do carro, assumo com todo prazer”. Correu o tempo e a nossa amizade tornou-se como o vinho, quanto mais velha melhor. Incontáveis vezes, desde 1988, ele sempre vinha prestar serviços na Semana Santa e na Festa da Padroeira. No último ano de vida de Dom Luciano, eis que na Sexta-feira Santa pela manhã ele vem ao encontro de Dom Homero que estava conosco e lhe diz tenho outra pregação das Sete Palavras além da que assumi e gostaria de saber se você pode pregar aqui e eu ainda chego para a Ação Litúrgica. Com todo desprendimento na mesma hora ele colocou em prática a teoria da “quinta roda do carro”. Todos satisfeitos e, ao final, dois Bispos na Ação Litúrgica.

Muitos conheceram a simplicidade e bom humor personificados na vida de dom Homero. Um incansável missionário que com sua vasta cultura e extrema humildade cativou tantas inteligências e corações com pregações que nasciam de seu erudito coração e eram feitas de cor, através de sua invejável memória.

O dia 8 de maio de 2014 foi marcado pelo seu falecimento, aos 82 anos, ocorrido em Caetité (BA), sua diocese de origem. Seu lema episcopal “Lúmen Cordium” (Luz dos Corações) foi o diapasão com que dom Homero conduziu sua missão episcopal. De modo exemplar dedicou-se ao cuidado dos pobres e doentes, exercendo também atividades pastorais nos presídios e hospitais por onde passou.

Nascido no dia 2 de dezembro 1931 em Brumado (BA) fez o curso primário em Caetité. Graduado em Filosofia e Teologia pelo Seminário de Salvador, foi ordenado presbítero no dia 8 de dezembro de 1955, em São Miguel das Matas, no interior Baiano. Em Salvador iniciou seu ministério como pároco de Piatã. Em seguida, passou a trabalhar no Seminário Diocesano e na Cúria de Caetité. Foi Pároco também em Urandi e Condeúba, na mesma diocese.

Desenvolvendo intenso trabalho pastoral como padre, a 15 de novembro de 1978 foi nomeado bispo de Itabuna (BA). Recebeu a ordenação episcopal no dia 27 de dezembro do mesmo ano, em Caetité. Tomou posse como 1º Bispo de Itabuna em 1º de janeiro de 1979, onde permaneceu até novembro do ano seguinte. De lá foi transferido para a diocese de Irecê (BA), sendo ali também o primeiro bispo, governando aquela Igreja Particular de 1980 a 1983. Em setembro do referido ano renunciou ao governo pastoral da Diocese por questões de saúde. Como Bispo Emérito passou a residir em Caetité, onde se dedicou a oração, à pregação e atendimento de confissões e muitas viagens missionárias.

Em oração, louvamos a Deus pelo dom da vida e ministério desse nosso irmão tão querido, reafirmando nossa fé na Ressurreição, na certeza de que ele será recebido na Glória do Senhor e na paz eterna. Pois, “felizes os mortos, os que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, que eles descansem de suas fadigas, pois suas obras os acompanham” (Ap 14,13). Conservamos na memória e na vida o seu precioso testemunho de UM AUTÊNTICO PEREGRINO DA FÉ!

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